NA ESTRADA

Anip: pneus importados são mais caros para os caminhoneiros

Segundo análise, diferença está na quantidade de reformas que os pneus nacionais permitem, em relação aos importados

22/07/2021 11h41Atualizado há 3 anos
Por: Romulo Felippe

 

O valor do pneu é um dos fatores mais decisivos na hora de bater os custos e colocar o caminhão na estrada. Tanto que, logo no início do ano, o Governo Federal reduziu o imposto de importação de pneus de carga de 16% para zero, com o objetivo de aliviar os custos para a categoria. No entanto, a Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (ANIP) realizou um estudo que mostra que a medida não resolve o problema dos caminhoneiros, e, pior, aumenta o custo quando o caminhoneiro põe o pneu para rodar.

 

Segundo a ANIP, a desvantagem fica clara quando se compara a durabilidade e capacidade de reformas dos pneus nacionais em relação aos importados. Os nacionais permitem duas reformas, em média. Já os importados, no máximo uma. “A médio e longo prazo, essa diferença pode representar um gasto até 53% maior para os profissionais que optarem pelos importados”, explica Klaus Curt Muller, presidente executivo da ANIP.

 

O estudo demonstra que, para rodar 300mil Km, por exemplo, o caminhoneiro irá comprar um pneu nacional e poderá realizar duas reformas nele, até que, então, precise adquirir um novo produto. O investimento, neste caso, será de R$ 2.200,00 (valor do pneu novo), R$ 733,00 (primeira reforma), R$ 733,00 (segunda reforma) e, por fim, mais R$ 2.200,00 para a compra de um novo pneu. No final o caminhoneiro gasta uma média de R$ 5.866,00.

 

Já os pneus importados, que permitem no máximo uma reforma, o caminhoneiro precisará comprar três pneus novos e reformar cada um deles apenas uma vez para rodar os 300 mil Km, sendo R$ 1.800,00 (de um pneu novo), R$ 600,00 (reforma 1), R$ 1.800,00 (segundo pneu novo), R$ 600,00 (reforma 2), R$ 1.800,00 (terceiro pneu novo), R$ 600,00 (reforma 3) e, finalmente, mais R$ 1.800,00 para o quarto pneu novo. Ao final dos 300 mil Km o caminhoneiro terá gasto R$ 9.000,00, que representa quase o dobro do que teria sido gasto com o pneu nacional.

 

“Esta é uma clássica situação do barato que sai caro. O pneu importado, que a princípio tem um custo de mercado mais baixo do que o nacional, ao final de 300mil Km acaba saindo bem mais caro para o caminhoneiro”, explica o executivo. Em alguns casos, os pneus importados não permitem sequer uma única reforma. “Aproximadamente 30% dos pneus importados não são passíveis de fazer qualquer reforma por terminarem a sua primeira vida com algum problema na carcaça, como separação de cintas, deformidade ou excesso de danos”, explica.

 

Por fim, Curt Muller lembra que a diferença é ainda maior quando consideramos o número de pneus de um caminhão com carreta. “A diferença de R$ 3.100,00 a cada 300mil Km do pneu importado em relação ao nacional gera um custo extra de cerca de R$ 56.000,00, quando multiplicamos o valor pelos 18 pneus do veículo”, finaliza.

 

Fundada em 1960, a Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (ANIP) representa a indústria de pneus e câmaras de ar instalada no Brasil, que compreende 10 empresas e 20 fábricas instaladas no Brasil. O setor emprega diretamente mais de 28,8 mil pessoas, e se considerado toda a cadeia, cerca de 819,3 mil pessoas indiretas.

 

A ANIP trabalha no Programa Nacional e Coleta e Destinação de Pneus Inservíveis desde 1999 e em 2007 as fabricantes nacionais de pneus criaram a Reciclanip, entidade voltada exclusivamente para a realização deste trabalho no país. A Reciclanip é uma referência mundial em logística reversa, sendo a maior da América Latina no setor de pneus, reunindo mais de 1.026 pontos de coleta distribuídos por todo o país.

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