O Brasil é reconhecido mundialmente como referência na produção e exportação de alimentos, setor que representa cerca de 7,9% do PIB brasileiro e se mantém como um dos mais importantes pilares econômicos do país. Segundo as projeções da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o Brasil produziu mais de 271 milhões de toneladas na safra 2021/2022.
Por outro lado, para que o agronegócio chegue nos respectivos números, um modal vem auxiliando essa evolução, representando 65% do traslado de mercadorias pelo território brasileiro: o transporte rodoviário de cargas (TRC).
Franco Gonçalves, gerente administrativo da TKE Logística, transportadora especializada no transporte alimentício, pondera os impactos nas operações da empresa quando os números do agro aumentam.
“Atuamos em maioria com o mercado interno e procuramos sempre manter um bom relacionamento com nossos parceiros. O nosso objetivo é estarmos preparados e atualizados com as demandas que possam surgir ou propor soluções vantajosas. Trabalhamos com programações de médio e de longo prazo, aliviando os impactos de volumes sazonais. As margens estão cada vez menores, razão pela qual um possível erro pode prejudicar exponencialmente os resultados se não houver um planejamento definido”, descreve o executivo.
Se tratando de planejamento estratégico, mesmo que o modelo seja um importante aliado para o desenvolvimento da economia, as empresas de transporte enfrentam diversos gargalos, incluindo a infraestrutura das rodovias, mudanças climáticas e tempo de espera nos locais de entrega, entre outros que dificultam as operações e que acarretam em desperdícios de mercadorias.
Ainda conforme a Embrapa, ao chegar no varejo, as cargas consideradas perecíveis representam 37,4% das perdas por vencimento. Para Franco, infelizmente, é uma questão comum no setor.
“Salvo os casos de produtos bem embalados e secos, é muito comum haver algum desperdício durante a operação. Por exemplo, podemos ver nas estradas veículos vazando grãos carregados a granel, seja por carroceria com problemas ou devido a via em más condições, frutas que estragam por conta do calor, entre outros. A primeira coisa que devemos observar são nossas limitações: ‘este veículo que tenho à disposição é o ideal para a operação?’. Às vezes, é melhor renunciar a algumas coisas do que não atender às expectativas do cliente”, relata o executivo.
Essa argumentação do executivo vem formando um “coro” por todas as empresas que competem nesse nicho de trabalho, visto que o Brasil é o segundo pior país do mundo para se dirigir segundo um estudo realizado pelo site inglês Compare The Market com dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
O estudo utilizou quatro fatores para determinar o veredito: o custo de manutenção do carro em relação à venda, o nível de congestionamento das cidades, o índice de qualidade das estradas e o índice de mortalidade no trânsito.
“O desafio é sempre fazer com que o produto chegue ao seu destino com a mesma qualidade em que foi embarcado, passando por todas as intemperes que temos em uma viagem — clima, acidentes, trânsito, estrada ruim. Cada produto tem sua necessidade de acondicionamento, de higienização de carroceria, de ventilação ou de temperatura, então é preciso conversar sobre como podemos atender da melhor forma e enfrentar essas dificuldades”, comenta o gerente administrativo da TKE Logística.
É notório que o mercado brasileiro sempre estará em destaque devido à sua alta produção de safra durante os anos. Porém, o pensamento de quem trabalha diretamente com essa atividade, ou seja, as empresas de transporte, precisa estar alinhado diariamente com instituições e com entidades de classe para haver um reforço ainda maior para as autoridades governamentais.
“Hoje o Brasil possui um agronegócio com muita tecnologia e pesquisa, mas os demais envolvidos nem sempre conseguem acompanhar para o melhor aproveitamento dessas safras e produções. É necessário um investimento em infraestrutura como um todo, até mesmo a modernização e aumento de estrutura e, claro, o aperfeiçoamento das pessoas que participam dessas operações. Vejo também uma necessidade dos nossos legisladores e os judiciários entenderem como funcionam essas atividades para podermos ter segurança jurídica no trabalho, desde casos tributários e trabalhistas e com o uso de tecnologia ao nosso favor”, finaliza Franco Gonçalves.
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