Entrevista
Francisco Pelucio quer avançar nas questões diretamente ligadas ao setor
Empresário assumiu em janeiro a presidência trienal da NTC&Logística e observa atentamente a atividade das transportadoras de cargas em todo o Brasil
05/05/2020 14h29 Atualizada há 5 anos
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Foto Reprodução: Francisco Pelucio

Francisco Pelucio assumiu em primeiro de janeiro a presidência da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística - NTC&Logística. O ex-diretor financeiro comandará a NTC para o próximo triênio, sucedendo José Hélio Fernandes, que presidia desde janeiro de 2014 a entidade. Ele se torna o 14° presidente a comandar a NTC.

Sempre muito atuante nas entidades de representação empresarial de um setor responsável por mais de 65% da circulação e distribuição de produtos no país (transporte rodoviário de cargas), Pelucio concedeu uma entrevista exclusiva para a Revista Caminhões em que aborda diversos temas. Entre eles, os principais desafios de seu mandado, possível greve dos caminhoneiros, melhorias e mudanças para o setor, perspectivas, entre outros. Confira!

Revista Caminhões - Quais serão os principais desafios deste mandato?

Francisco Pelucio - Nossa gestão tem como objetivo continuar avançando em questões que atingem diretamente a atividade das transportadoras em todo o Brasil. O meu papel será dar continuidade ao excelente trabalho desenvolvido pela gestão anterior, com foco em fazer ainda mais pelo setor. Para isso vamos analisar todos os pontos e conduzir esse processo visando questões mais urgentes, e com um novo olhar, unindo o que foi feito e acrescentando novas ideias para contribuir e alcançar os resultados que todos precisamos e esperamos para o transporte rodoviário de cargas.

Estamos constantemente ouvindo notícias de uma nova paralisação dos caminhoneiros no Brasil. Como tem observado esta questão?

A NTC não apoiou e nem incentiva esse tipo de manifestação, sempre prezamos pelo bom diálogo entre o governo e as entidades que atuam em favor do transporte de cargas. Vale lembrar que as manifestações de 2018, foram organizadas pelos profissionais autônomos, do qual, não fazemos parte por representarmos as empresas.

Muito já se foi debatido sobre o que precisa ser feito para melhorias no transporte rodoviário brasileiro (como as estradas mal conservadas, preço elevado do combustível, cargas tributárias altas, falta de segurança, entre outros). O que de fato precisa ocorrer para que esta situação que se arrasta por tempos saia do ‘papel’ e entre em prática. E mais, como a NTC vem trabalhando neste sentido?

Acredito que estamos no caminho para conseguir ter pleno êxito nestes pontos. A questão política como sendo um ponto crucial para o país, está sendo desenvolvida aos poucos e isso se deve ao primeiro ano do governo atual e também pelo estilo de gestão adotado. Estamos torcendo para que em 2020 possamos conseguir aprovar as reformas que são necessárias e que foram indicadas por essa nova composição política, a partir daí vamos conseguir analisar melhor o cenário econômico, que depende também dessas decisões e ajustes. A NTC trabalha bastante dialogando e cobrando diversos pontos junto com os órgãos públicos, principalmente no que diz respeito à infraestrutura, reformas trabalhista e tributária, entre tantos outros assuntos que discutimos incansavelmente e que tanto afeta o nosso setor.

O senhor tem uma vasta experiência no setor. Como tem observado as mudanças no transporte brasileiro de cargas nas últimas duas décadas?

Ao longo dos anos, muitas coisas mudaram, podemos acompanhar o avanço da tecnologia em todas as áreas, melhorando os processos de trabalho e dando maior segurança na prestação deste tão importante serviço que as empresas desenvolvem.

Visto os percalços enfrentados, o frotista e o caminhoneiro brasileiros podem ser considerados verdadeiros ‘heróis’?

Sim, realmente são heróis, pois passamos por muitas mudanças nas últimas décadas e sobrevivemos a muitos acontecimentos, tanto de ordem política, quanto econômica. Sem contar a infraestrutura, estradas sem nenhum recurso ou investimento para trafegar com as riquezas que esse país produz.

O que podemos esperar para 2020 no segmento rodoviário de cargas?

As perspectivas parecem boas com o crescimento do PIB de mais de 2%, o que, se concretizado, para o setor de transporte rodoviário de cargas é um impacto positivo de 6% a 10% de aumento do mercado - a depender do segmento de transporte.

 Gostaria que deixasse uma mensagem ao transportador brasileiro…

Quero fazer um agradecimento pela confiança de poder representar essa classe tão importante e necessária para o país, e espero corresponder a isso, fazendo o melhor em benefício do transporte rodoviário de cargas.

NTC&Logística

Fundada em 17 de setembro de 1963, a Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística) é entidade civil sem fins econômicos que aglutina e representa as empresas de transporte rodoviário de cargas em nível nacional e internacional.

De seu quadro e associativo fazem parte mais de 3,5 mil associados, majoritariamente empresas do setor. Integram-no também empresas de outros países da América do Sul, operadores logísticos, fornecedores do segmento, embarcadores de cargas e inúmeras entidades empresariais de todo o país, tais como sindicatos, federações e associações especializadas.

Referência por sua produção técnica, possui equipe alocada em São Paulo, composta por engenheiros, economistas, advogados, jornalistas e técnicos altamente qualificados.  Desenvolve trabalhos como o levantamento dos custos de fretes, a apuração do Índice Nacional de Custos de Transportes (INCT), a pesquisa de defasagem entre os custos apurados pelo índice e os fretes efetivamente praticados, pesquisa realizada em conjunto com a Agência Nacional do Transporte (ANTT) que detecta semestralmente as tendências do setor sob o ponto de vista de mercado e economia.

A NTC & Logística atua fortemente nas discussões empresariais relativas a acordos bilaterais e multilaterais com países sul americanos. É a única integrante brasileira da International Road and Transport Union (IRU), um organismo mundial sediado na Suíça. 

Perfil

Sempre muito atuante nas entidades de representação empresarial de um setor responsável por mais de 65% da circulação e distribuição de produtos no país, Francisco Pelucio foi presidente da então ABTF - Associação Brasileira de Transportadores Frigoríficos, da ABTI - Associação Brasileira de Transporte Internacional e do SETCESP - Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de São Paulo e Região, o maior do Brasil em seu segmento econômico. Ocupou anteriormente outros cargos relevantes na Federação das Empresas de Transporte de Carga do Estado de São Paulo e na própria NTC&Logística.

 

Reportagem de Bruno Castilho

bruno@editoraviver.com.br